quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Tarde de outono.


O vento batia na árvore e as folhas iam caindo na grama, o balanço na rede era constante e meus cabelos estavam do lado de fora quase encostando no chão. E foi ai que me coloquei a pensar o quão estava sozinha a não ser pelo fato da minha cachorra dormindo em cima da minha barriga. O silêncio sempre foi interessante para mim, sempre gostei de pensar o quanto eu estava fazendo coisas certas ou erradas demais, sempre gostei de pensar o quanto tenho amigos verdadeiros e até onde eles iriam por mim, sempre gostei de pensar no meu primeiro amor, no meu primeiro beijo, no meu primeiro cachorro, na primeira vez que bebi, na primeira vez que fugi de casa, na primeira vez que agi como um criança tendo que agir como uma adulta e na primeira vez agi como uma adulta tendo que agir como uma criança, sempre gostei de pensar como foi minha semana, meu dia, minha noite ou minha madrugada, sempre gostei de avaliar o quanto as pessoas me achavam patética, engraçada ou metida, sempre gostei de pensar o quanto sou tímida e ao mesmo tempo extrovertida, quanto sou amiga e ao mesmo tempo chata, sempre gostei de pensar sobre mim e sobre minhas inúmeras idiotices.
Mas ao mesmo tempo gosto do barulho, as vezes eu não quero pensar porque sei que se pensar vou destruir meu dia, minha felicidade ou minha animação. Ao mesmo tempo que meus pensamentos me animam e levantam, as vezes eles me destroem. Por isso preciso sempre de alguém para evitar que eu pense, evitar que eu chore de arrependimento por de raiva por ter feito uma "merda" ou simplismente por não ter feito nada. Quanto mais as folhas caiam mais eu sentia que precisava de alguém, o outono estava ai, na verdade, mais um outono estava ai e não tinha ninguém para eu conversar na minha rede no final da minha tarde de outono, a não ser minha cachorra que não iria me dá ouvidos já que ela estava adorando dormir em cima da minha bariga. Eu queria alguém e queria naquela hora, antes que o sol sumisse no horizonte, antes que a lua aparecesse e os meus pensamentos me enfraquecessem, antes que eu achasse que estava sozinha.
Engraçado, porque eu tinha pessoas à quem ligar, que tenho certeza que se eu falasse: "venha aqui correndo, estou precisando de você", sei que elas viriam, sei que elas largariam tudo e viriam deitar na rede comigo e com minha cachorra e ficariamos jogando conversa fora até anoitecer. Mas eu não queria aquelas pessoas, porque eu sabia que estava faltando algo, eu sabia que estas mesmas pessoas, de noite iam para casa e encontrariam um amor para lhe dá um beijo na testa e dizer o quanto são especiais, enquanto a mim ficaria na frente da televisão ou na cozinha fazendo alguma coisa para esquecer o quanto eu precisava de alguém que me desse um beijo na testa, me chamasse de linda (mesmo eu não sendo tão linda assim)e me falasse o quanto eu sou especial.E eu nem sequer sei se isso é bom, nem sei se é bom porque nunca fiz, não sei se é bom mas imagino que seja ótimo.
Meus pensamentos foram brotando e fluindo e já estava ficando triste, porque eu tinha necessidade de um abraço naquela hora que me fizesse esquecer o mundo, que me fizesse esquecer de tudo e nem precisava ser um abraço, eu podia ouvir sua voz no telefone, poderia receber uma mensagem, poderia receber uma carta, um e-mail ou até um recado na minha página de amigos, alguém em qualquer lugar do mundo poderia fazer isso agora para mim e eu me derreteria como uma manteiga para se ter noção o quanto eu precisava de alguém, nem precisava ser O alguém, bastava ser alguém, bastava ser doce e nem precisava ser tão bonito, bastava existir.
A noite apareceu, amanhã iria começar o inverno, ou qualquer que seja a estação que venha depois do outono, e acabaria de se passar minha última tarde de outono deste ano como as dos outros anos, talvez no próximo ano teria uma companhia para tomar chocolate quente, ou talvez não.

ML

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