sábado, 19 de março de 2011

butterfly.


Tão misteriosamente fragil, posta na janela, com uma de suas asas mahucadas, a pequena largata ficava escondida já que todos prestavam atenção apenas nas asas da borboleta e esqueciam até que tudo começou quando aquele pequeno ser começou a se rastejar no chão.
Esqueciam que ela passou boa parte de sua vida se arrastando para sobreviver, correndo vários riscos e a qualquer momento poderia ser esmagada, por acidente ou propositalmente. Este pequeno animal, passa a morar dentro de um casulo, para criar uma nova vida, para abrir mão de se rastejar e se transformar em um novo ser, com asas. E as consequências é que todo mundo ia deixar de lado os anos, que ela passou lutando para chegar ali e lembrariam-se apenas dos novos dias em que agora ela possuia asas. Como deve ser aprender a voar da noite para o dia? Como foi se acostumar a viver com um novo corpo? será que ela bombeou nos primeiros minutos? será q ela não soube bater as asas?
Não sei, porque ainda sou uma largata, ainda estou no casulo, e tenho muita curiosidade de como vai ser quando sair daqui, ver o mundo de outro ponto de vista, confesso que estou curiosa para conhecer os mundos com outros olhos, para aprender a voar. Mas, as vezes, sei que vou sentir muita falta de quando as pessoas não olhavam para mim por ser uma borboleta com asas bonitas, mas uma largata, uma simples largata, rastejante e sem importância.

ML

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terça-feira, 15 de março de 2011

Ela sabia.



Ela sabia, que por mais que ele fosse indiferente, por mais que ele a trocasse por outras, por mais que ele a pisasse, por mais que mostrasse que não a queria mais, no momento em que ele falasse: te quero de volta, ela se integraria. Como se tivesse acabado de conhece-lo, como se eliminasse todas as coisas as quais ele fez ou deixou de fazer.
Ela sabia, porque aquilo era mais forte que ela, e não podia controlar. Ia além do amor próprio ou dos conselhos dos amigos, ia além da sua inteligência. Porque o coração dela saltava, gritava, implorava em silêncio que ele voltasse, que ele a amasse de alguma forma, ou amasse o quanto ela merecia. Ela sabia que se ele voltasse, se integraria, sabia também que se arrependeria mais uma vez.
Porque tudo parecia ser simples para ele: é, hoje eu quero voltar. Enquanto ela, escondida embaixo dos lençois, derramava lágrimas, e pedia para que ele fosse a pessoa certa para ela, já que não apareciam outras. Ela imaginava todos os dias qual era o seu problema, ela imaginava todos os dias fazer alguma coisa para que ele voltasse, o que surgisse outro e a fizesse esquecer.
Mas sabe o que é? as vezes a gente tem que abrir não só o sorriso, mas abrir o coração, para outras pessoas entrarem. E mesmo que demore, vai surgir alguém de alguma esquina qualquer, que te apareça e te faça feliz, por alguns dias talvez, algumas horas, alguns meses, alguns anos, não importa. Alias, não importa dizer nada disso a ela, ela não vai ouvir, ela não escuta(no momento), talvez amanhã ela acorde e perceba que o sol está ali, que o ar está ali, que as nuvens e até a chuva está ali, que quem realmente importa está ali e quem a ama está ali, e isso é o que ela precisa para sobreviver, antes dele ela era feliz, porque agora ela depende dele para alguma coisa?
Ei menina, acorda, o que estou querendo dizer, já venho dizendo a tempos, você é linda minha querida, muito linda. Você não pode se minimizar a ficar se lamentando a procura de alguém, se Deus está ao seu lado. Você não pode baixar a cabeça para vida, porque ela pode acabar agora, acorda, porque se estou lhe dizendo isso é porque não quero te ver triste, não quero ver você dependente de homem nenhum. Mesmo que você encontrasse um amor hoje, será que você saberia lhe dá com isso? ou você deixaria de lado sua vida por um amor, uma paixão ou uma história? talvez seja por isso que você não encontrou a pessoa certa ainda, talvez seja tudo uma questão de tempo, não sei. Mas seja feliz, é isso que eu quero que você seja.

ML

sexta-feira, 11 de março de 2011

Cogumelos.



Dias de chuva molham a grama do meu jardim, de forma que eu não preciso ficar agoando, a chuva deixa a grama com um aspecto mais verde, mais escuro, as gotas de água são perceptíveis a olho nu. Minha casa fica mais escura quando chove, a solidão fica mais apertada, corro para ligar as luzes, uma música ou qualquer coisa que me lembre vida, só assim vou me acostumando com o frio, com a solidão, que nesses dias parece ser mais forte, mais agressiva. O melhor a fazer em dias de chuva é dormir, ficar abraçado com alguém que ama, ler um livro na rede, olhar a chuva cair e o chão seco ficar cheio de água escorendo para os lugares mais baixos. Gosto de olhar minhas plantinhas, elas ficam mais vivas com a chuva, como se alguém estivesse lhe dando exatamente o que precisam para sobreviver, e é exatamente isso que acontece, água, a fonte da vida.
No dia seguinte, pós chuva, o sol aparece de mansinho de manhã cedo, um sol que não queima a pele, mas quando fechamos os olhos e sentimos ele dá vida a cada célula do nosso corpo, bem devagarzinho nos sentimos como um bêbê tomando seu banho de sol matinal, puro, só você e Deus. Deitar na grama com os olhos fechados era a paz que mais me aproximava de Deus, naquele momento, podia sentir cada soprada do vento, cada raio de sol, podia sentir a grama furando minha pele e formigas subindo por entre meus dedos, podia sentir a natureza tão intensamente que aquilo me hipnotizava. Foi quando reparei que por entre as minhas plantinhas haviam nascido algo diferente, e logo percebi que depois de dias de chuva e de umidade, cogumelos começaram a nascer no meu jardim.
Meus olhos brilharam, porque eles trouxeram para o meu jardim verde, cores, beges, vermelhos, marrons, amarelos, brancos e alguns até florescentes. Meus olhos brilharam porque quando a gente vê cores e vidas diferentes no nosso jardim, a gente fica feliz, a gente quer cuidar deles também! A gente fica curioso.
Não fazia a mínima ideia como cuidar de cogumelos, mas eles eram lindos, ouvi dizer que alguns são alucinogenos e outros tantos venenosos, mas também a muitos comestiveis. Ouvi dizer que temos que ter cuidado com eles, porque a aparencia pode enganar muito, os mais bonitos são os mais perigosos, e os que achamos feios são os mais deliciosos, alguns fazem nos sentir leve, alucinado, fora do mundo, estes devem ser apreciados na quantidade certa.
Certa de que os cogumelos podem ser comparados com as pessoas, fiquei boba com a beleza de alguns, que me chamaram atenção de longe, mas quando cheguei perto, senti o mal cheiro e a minha sorte era que ele cheirava mal, se não tinha morrido confiando naquela beleza. As pessoas são assim, elas enganam, fingem ser quem não são, temos que saber sentir o cheiro delas.

ML