quarta-feira, 26 de maio de 2010

O perdão

E mais uma manhã se passava em um dos colégios da cidade de Santa Catarina, no intervalo de uma aula para outra todos conversavam e davam suas gargalhadas quando em uma fração de segundo começou uma briga que trouxe consequências.
Pelo que me disseram João, estava estudando e Pedro e seus amigos decidiram bagunçar com ele, como João era muito cabeça quente não perdoou quando Pedro rasgou todo seu livro e partiu para cima dele antes mesmo que alguém pudesse perceber que aquilo era uma briga. Eles estavam rolando pelo chão e se batendo quando os amigos de Pedro seguraram eles para tentar amenizar a briga. Eles já tinham suas desavenças por terem sido grandes amigos desde a infância e terem deixado de ser falar quando João passou a namorar com a ex de Pedro, que trocou-o por ele. A coordenadora veio as pressas e levou os dois a sua sala, eles não conseguiam se entender e gritavam um dizendo que ia matar o outro, os dois estavam muito irritados, parecia que estavam engasgados desde o tempo em que deixaram de ser amigos e decidiram soltar tudo naquele instante. Então a coordenadora pediu para que eles fossem para casa, suspendeu cada um por 3 dias, o que ela achou que seria tempo suficiente para ficarem calmos e voltarem ao colégio, ela disse:
- Daqui a três dias, antes de entrarem na sala, venham os dois aqui e muito mais calmos quero ve-los pedindo PERDÃO um ao outro, não porque eu estou pedindo, mas peço que o façam de coração.
Eles foram para suas devidas casas e três dias depois entraram na sala sem sequer olhar um para o outro. A raiva deles é era eminente no rosto de cada um. A diretora assim falou:
- João e Pedro, vocês eram grandes amigos, fazem parte desta instituição desde o começo dos estudos, eu vi vocês crescerem, vi vocês brigarem e fazerem as pazes, vi o vinculo de amizade de vocês. Claro que amigos tem suas desavenças, mas está briga passou dos limites, vocês tem que perdoar um ao outro e voltarem a ser os grandes amigos que eram!
Depois de um minuto de silêncio, Pedro foi o primeiro a falar.
- Desculpe-me diretora, mas eu não vejo nenhum grande amigo meu dentro desta sala. Se um dia existiu essa amizade foi por que eu era muito cego, não vi que o interesse dele era roubar minha namorada que eu tanto amava, e amo, e que ele mais do que ninguém sabia disso e mesmo assim tirou-a de mim. Então não há como perdoar.
- Que pena que você não tem justificativas suficientes, por que o único motivo dela ter terminado com você, foi suas ações, e não por eu ter roubado ela de você. Mas, já que você está dando a última palavra, não vou contrariar, não há como perdoar.
A diretora se entristeceu, não havia mais nada a fazer. Deixou eles em turmas diferentes para evitar desavenças e assim se seguiu por um bom tempo.
Depois das férias de Junho, os amigos começaram a sentir falta da presença de João, ele não frequentava mais as aulas e todos acreditavam que ele havia dessistido, sua namorada quase não aparecia nas aulas, e quando aparecia estava muito pertubada e saia a maioria das vezes no meio das aulas para atender o telefone. Ela não dizia a ninguém o que estava acontecendo com ele, na verdade ela dizia que eles não estavam se vendo mais. A curiosidade despertou em todos, inclusive em Pedro, que achou que ele havia deixado de frequentar as aulas por causa da briga deles. 2 meses depois do seu desaparecimento, seus pais apareceram no colégio. E na hora do intervalo estavam em cima do palco de apresentações com um microfone, esperando a atenção de todos que se calaram para ouvir.
- Bom dia a todos, nós somos Luiz Carlos e Eduarda, os pais de João Oliveira de Menezes, da turma do 3º ano. E viemos aqui para esclarecer o motivo das faltas do nosso filho. - ele respirou fundo e continuou - João está com leucemia.
Todos ficaram boqueabertos, começaram a susurrar e era percepitivel que a voz do pai havia se enfraquecido. Mas, ele continuou.
- Não venho aqui porque todos estavam curiosos para saber o motivo das faltas, venho aqui pedir um apelo a todos. Meu filho está sofrendo de uma doença, que pode acontecer com qualquer um de vocês, e ele precisa da doação de sangue. E principalmente, doação de medula, já que está é muito mais rara de ser compativel, então quanto mais pessoas fizerem sua doação, mas chances temos de ver o João curado.
O pai terminou seu discurso e a mãe já estava aos prantos quando eles foram embora. Aquela noticia tinha afetado todos, mas principalmente Pedro.
Este foi para casa e pensou muito, ele sabia que o menino que agora estava deitado em uma cama de hospital era a pessoa que ele mais tinha raiva na vida, ele sabia que a um tempo atrás ele havia dito "não há como perdoar" e agora a mesma pessoa precisava dele. Derrepente ele começou a ficar com raiva, muita raiva. Falou sozinho em voz alta "Como sempre, o João sempre sai como o coitadinho da história, eu não vou ajudar ele acoisa nenhum, tenho certeza que ele não faria o mesmo por mim."
Só que com o tempo, seu coração foi ficando apertado, ele via as pessoas comentando sob o estado de saúde do seu Ex melhor amigo, ele ouvia todos os seus atuais amigos aconselhando para que ele fosse lá, muitas pessoas haviam doado mas não encontraram uma medula compativel, ele estava cada vez mais fraco. Pedro começou a lembrar de todos os momentos deles juntos, lembrou das peladas, dos jogos de video game, das conversas, das garotas, lembrou de como eles cresceram juntos e como a amizade deles acabou como um piscar de olhos, mesmo sabendo que ele jurou que nunca mais falaria com ele, e tinha certeza que não iria precisar dele nunca mais, ele se senibilizou pois sabia que não era necessário apenas fazer a doação, antes disso ele precisava perdoar, não só da boca para fora, mas de coração. Ele sabia que aquele perdão era muito importante para ele, então decidiu ir ao hospital, em um horário que não houvesse ninguém.
E lá estava ele, dormindo, muito pálido e magro, com a cabeça raspada, com olhos fundos e com um aspecto totalmente diferente daquele João com vida que ele conhecia a tempos atrás. Pedro estava em total silêncio, mas João sentiu sua presença e abriu os olhos vagarosamente. Pedro foi dá a meia volta para sair do quarto, mas foi interrompido.
- NÃO!- era um grito fraco. Ele o olhou, e seus olhos gritavam por socorro, seus olhos estavam sem vida e cheios de lágrima.- Por favor meu grande amigo, não me abandone. Estas podem ser minhas últimas horas de vida, mas não quero partir sem receber seu perdão. Eu estava esperando você vir, e cheguei a passar noites em claro com remorso e pensando que você não viria, mas você veio! Quero lhe pedir perdão! Já terminei meu namoro com a Clara, a sua menina, a que você tanto ama está livre para você. Quero que você me desculpe por ter roubo ela de você, não posso partir se você não falar que me perdoa.
- Pare com isso, você não vai morrer!! Eu estou aqui para lhe perdoar e lhe pedir perdão, é uma pena que façamos isso apenas agora, é uma pena ter perdido tempo com essa briga inútil. Eu a amo sim, mas você ama muito mais. E nós somos tão amigos que nos apaixonamos pela mesma garota não é? Você é meu grande amigo, sempre foi e sempre será.
E na calada da noite um abraço trouxe um sorriso a quem não sorria a muito tempo, trouxe afeto, trouxe companherismo, trouxe de volta uma verdadeira amizade. E nos dias que se seguiram foi descoberto que apenas Pedro poderia doar medula para João, pois ele era o único doador compativel, mas o corpo de João rejeitou a medula e com alguns meses depois ele faleceu.
Alguém pode dizer que é conhecidencia ou o destino. Eu acredito que só a uma resposta para isso: DEUS. Ele soube exatamente o que fez, antes que aquele menino chorasse o resto da sua vida com arrependimento. O rancor não nos leva a lugar nenhum, sei que não é fácil desculpar alguém que lhe fez o mal, mas quando o perdão é de coração, ele é totalmente nobre. Não leve pequenos brigas tão a serio, você não sabe o dia de amanhã e pode se arrepender pelo resto da vida.
Meu nome é Clara, fui o motivo da briga desses dois grandes amigos. Tenho 29 anos, sou casada com o Pedro a 10 e nos dois sentimos que nosso amor é tão grande e mágico por um único e exclusivo motivo, nos temos um anjo, que olha por nos e sempre olhará. Essa é a nossa certeza.

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