quarta-feira, 14 de julho de 2010

Queda livre

Estava a exatamente dois passos, dois miseros passos. O vento muito forte me obrigava a gritar para alguém escutar alguma coisa. Não sei ao certo a distância do chão, mas deveria ser o suficiente, por que meu estômago já estava embrulhando.
Dei os dois últimos passos que restavam, fechei os olhos e saltei.
Com toda a pressão do vento, a adrenalina me fez pensar, que eu iria morrer. Calculei em questões de milésimos de segundos o tempo que havia perdido planejando aqueles instantes como um suicida planega sua morte. E no final, parece que o plano do suicidio deu errado, porque cá estou eu, renovado.
A sensação era de que eu estava lá em cima e meu coração havia pulado sozinho. Que não podia mover mais nada só meu meu sangue, que voava pelas minhas veias.
Pensei que nunca mais teria coragem de saltar novamente, mas não, só tive a sensação de que precisava repetir a dose. Quando senti a terra sob meus pés olhei para o céu e só pensei em como queria fazer aquilo de novo, testar cada orgão do meu corpo, chegar na frente da morte e depois fazer a meia volta. Tinha que fazer de novo, era uma questão de desejo, afinal, sempre fui assim. Sempre gostei do perigo, do que me maltrata, correndo atrás das coisas erradas e gostando das quedas, nunca liguei com as pedras, tão pouco me importei com os tropeços, sequer me preocupei com os riscos. Tenho tendecia de arriscar, de chegar no máximo, de desafiar os olhos, o medo e a mente. Admito que me recuso a medíocridade, gosto das coisas perigosas e quando estas me divertem fico como uma criança que chega de um parque de diversões querendo voltar lá na mesma hora se possivel.

ML

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