sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Utopia



Disseram-me que eu deveria acreditar naquilo que eu pudesse ver, sentir, tocar ou entrar em contato. Disseram-me que contos de fadas não existem, que amor a primeira vista é ilusão e que não deveria conversar com desconhecidos. Disseram-me que animais não falam, fadas não existem e papai noel também não.
Certa vez quando eu era criança, na vespera de natal, havia um presente embaixo da minha cama e um pedaço de algodão e disseram-me que o papai noel havia passado por ali, só que alguns anos depois disseram-me que já era uma mocinha e não deveria acreditar nessas coisas. Certo dia um dente de leite caiu e disseram-me que se eu colocasse debaixo do travesseiro a fada do dentre traria uma moeda para mim. Mas quando meus dentes de leite acabaram, disseram-me que ela não existia e quem colocava as moedas era uma pessoa comum.
Fui crescendo e aprendendo que tudo que me disseram era mentira, que não passava de utopias da primeira fase da minha vida. Percebi também que eu não fui a única a ser enganada, afinal, todos os meus amigos ouviram as mesmas histórias e descobri que mesmo que tudo aquilo fosse mentira era muito bom quando eu acreditava que tudo aquilo era verdade, afinal eu ganhava presentes, moedas, ovos de chocolate, conhecia mundos, falava com minhas bonecas e descobria as mais lindas coisas da vida. E como num passe de mágica disseram que eu estava vivendo uma mentira, que tudo que eu acreditava até ali eu não podia ver porque simplismente não existia.
E tudo com uma naturalidade tão humana que acabei aceitando sem nem achar ruim ou fazer cara feia. Quando estava mais velha, entregaram-me livros e disseram-me que eles eram muito bons e neles haviam histórias de mundos que não conhecemos, seres que não conhecemos e animais que falam, neles haviam as mais belas histórias com vilões e princesas e fui devorando-os para conhecer cada uma delas e percebi que elas tinham uma pitada da surrealidade e acreditei que quem escrevia tudo aquilo deveria ter visto algo, ou pelo menos sentido.
Acreditei que as utopias que afirmaram ser mentiras não poderiam ser mentiras para quem escrevia aqueles livros, eles concerteza viram no silêncio dos seus corações cada traço dos seres mais irreais possiveis, e preferiram escrever histórias imáginarias a serem tachados de loucos.
Mas o que é verdade afinal? Quem está mentindo? os livros ou os homens? claro que todos acham mais fácil dizer os livros, para não contráriar o que já foi implantado na nossa cabeça. Mas quer saber? pode ser que existam outros mundos surreais, que existam fadas, animais que falam, pessoas com o coração mais puro e com asas, podem existir seres inimagináveis para o homem mas não acredito que tudo era mentira, se não de onde surgiriam essas histórias? Bem, dentro de mim possuem vários mundos e costumo sempre vista-los e me transformar no que eu quizer. E quando volto, estou muito mais em paz, porque a utopia mais verdadeira que existe está no seu coração e ninguém alem de você mesma pode destrui-la.

ML

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